O que é o Estresse?
Estresse (Stress), significa
pressão, e neste caso específico, pressão psicológica. O
Estresse pode nos afetar em uma variedade de maneiras, física
e/ou emocionalmente, e em diversos níveis de intensidade.
Enquanto estudos e pesquisas têm claramente demonstrado que
algum grau de Estresse pode até mesmo ser benéfico, nos fazendo
ficar mais alertas, e também melhorando nosso desempenho em
determinadas situações específicas, o Estresse só pode ser
considerado benéfico se possuir vida curta. O Estresse excessivo
ou prolongado pode levar a diferentes doenças, físicas ou
mentais, como por exemplo: problemas cardíacos, doenças
gastroenterológicas (estômago e intestinos), ansiedade e
depressão, dentre outras.
Quando ocorrem eventos que nos possam fazer sentir ameaçados ou
prejudicar nosso equilíbrio físico e mental, as nossas defesas
naturais entram em ação e criam uma resposta ao Estresse. Esta
resposta dos nossos organismos pode nos levar a perceber uma
variedade de sintomas, alterar nosso comportamento e também nos
fazer experimentar sensações intensas e desagradáveis.
Sintomas Físicos
Os sintomas físicos relacionados ao Estresse são desencadeados
pela ação de hormônios específicos em nossos corpos, os quais
quando em ação (elevação) nos preparam para lidar com situações
de perigo, ou ameaça. Esta é uma reação fisiológica e é
universalmente conhecida como Reação de Luta ou Fuga ou Lute ou
Corra. Dentre os principais hormônios envolvidos neste processo
estão a adrenalina e a noradrenalina (um neuro-hormônio), e suas
ações são diversas: Aumento da pressão sanguínea, aceleração dos
batimentos cardíacos, aumento da sudorese, do ritmo respiratório
(taquipnéia), preparando o corpo para ações de respostas
emergenciais. Esta ação hormonal conjugada pode ainda diminuir a
quantidade de sangue que circula na pele, e alterar a motilidade
do estômago e dos intestinos.
Um outro hormônio, o cortisol, também relacionado às reações
presentes no estado de Estresse, libera gordura e glicose em
nossa corrente sanguínea a fim de que tenhamos mais energia
disponível para Lutar ou Correr. Como resultado destes processos
biológicos, podemos experimentar dores de cabeça, tensão
muscular, dores pelo corpo, náusea, indigestão e tonturas. A
respiração fica mais acelerada, sentimos palpitações e sensações
dolorosas que podem se apresentar em diferentes partes do corpo.
Como já mencionado, se este estado é prolongado, aumentam os
riscos de doenças as mais diversas, sendo as mais conhecidas
doenças relacionadas ao Estresse o Infarto do Miocárdio (IAM) e
os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).
O mecanismo de funcionamento do chamado Estresse fisiológico nos
torna mais ágeis para a Reação de Luta ou Fuga, e uma vez
cessada a ameaça, ou o perigo, os níveis dos hormônios
envolvidos no Estresse voltam aos seus níveis normais. Contudo,
se alguém se encontra constantemente sob Estresse, estes
hormônios tenderão a permanecer em níveis elevados no organismo,
levando aos conhecidos e já mencionados sintomas do Estresse.
Se a pessoa se encontra em um escritório cheio e barulhento, ou
em um ônibus superlotado, por exemplo, a Reação de Luta ou Fuga
não se concretiza, pois muitas vezes simplesmente não temos como
nos ausentar daquele ambiente estressante. Desta forma, não
podemos utilizar adequadamente os recursos bioquímicos que
nossos organismos produziram para nos defender e proteger. Com o
tempo, a acumulação de toda esta química, e as reações que ela
desencadeia, pode prejudicar a nossa saúde. Por vezes de modo
bastante significativo.
Sintomas Comportamentais e
Afetivos (Emocionais)
Quando uma pessoa está estressada, ela pode experimentar
diversos e diferentes sentimentos, sensações e emoções,
incluindo ansiedade, irritabilidade, baixa auto-estima,
insegurança, sentimentos que as podem levar a tornar-se
isoladas, indecisas, desmotivadas, insones e apresentando
episódios de choro. Também é comum nestas situações, o indivíduo
experimentar períodos de preocupações constantes, pensamentos
rápidos e repetidos passando ao mesmo tempo pela mente. Alguns
podem experimentar mudanças de comportamento, tais como
alterações na modulação do temperamento, tendência a agir
impensadamente (sem ponderação) ou tornarem-se mais agressivas,
verbal ou até mesmo fisicamente. Estes sentimentos e sensações
podem alimentar um ao outro e produzir percepções as mais
diversas, podendo fazer com que a pessoa acredite estar sofrendo
de uma doença física séria.
As Causas do Estresse
Vários tipos de situações podem causar Estresse, muito
frequentemente situações envolvendo o trabalho, questões
financeiras (principalmente as dívidas), contendas judiciais e
também problemas nas relações com amigos, colegas, filhos ou
outros membros da família. Outras situações também comumente
associadas ao Estresse são grandes reviravoltas na vida, como o
divórcio, o desemprego, mudança de casa ou de cidade, e mesmo
situações de menor impacto geral, como situações irritantes e
persistentes (problemas com vizinhos, por exemplo), discussões
frequentes, antipatias e intrigas pessoais no trabalho, sendo
que por vezes o fator desencadeante do Estresse pode não ser tão
evidente. A preocupação com dinheiro e dívidas muitas vezes
ocupa uma posição bastante destacada no processo
etiofisiopatológico (a causa e a evolução) do Estresse.
A combinação de Estresse crônico e dívida pode resultar em
Depressão e Ansiedade, desta forma é importante ter o controle
da situação financeira e buscar ajuda quando for necessário.
Uma sondagem recente, feita nos Estados Unidos, mostrou que 7 em
cada 10 participantes da pesquisa responderam estar "muito
estressados" devido a problemas financeiros. E, ao que tudo
indica, esta proporção só tende a aumentar.
Muitas pessoas não procuram ajuda porque acham que isso seria
uma como que admissão de fracasso pessoal. É importante, porém,
atentar para o fato de que muitos fatores estressantes estão
além do nosso alcance para modificá-los, já ao passo que outros
não, por isso uma cuidadosa avaliação convém seja feita.
Há ainda situações onde os perigos e ameaças ocorrem a nível
psicológico (ameaças não concretas), sendo que em muitas
ocasiões, estes perigos e ameaças jamais saem do território da
imaginação. É importante que isto também seja levado em conta na
hora de se lidar com o Estresse.
Os Tratamentos
Classicamente, algumas categorias profissionais eram listadas
como sendo mais suscetíveis ao Estresse. Exemplos clássicos são:
Soldados em períodos de guerra, bombeiros, pilotos de aeronaves
e policiais. Todavia, estas listagens estão aumentando cada vez
mais, lamentavelmente. Ou seja, cada vez mais, novas categorias
profissionais são elencadas como sendo mais suscetíveis ao
Estresse: Bancários, professores, executivos, motoristas
profissionais, jornalistas, universitários, coordenadores de
eventos, médicos, dentre muitas outras. E a tensa situação dos
nossos dias nos está conduzindo a uma situação onde praticamente
qualquer pessoa pode estar sujeita ao Estresse.
Estas observações têm suscitado a necessidade de se buscarem
meios cada vez mais rápidos e eficazes para combater a chamada
Doença do Século XXI.
Ainda que os famosos chás de Camomila e de Manjericão ainda
sejam usados, principalmente nas zonas rurais, é cada vez mais
importante e marcante o papel dos medicamentos modernos como
potentes auxiliadores no tratamento do Estresse, sobretudo
quando este esteja associado à insônia e quando as manifestações
físicas e psicológicas do Estresse prolongado já começam a ser
difíceis de ser toleradas. A busca de tratamento deve ser
encorajada. Em um primeiro momento, o tratamento deve ser
estabelecido a fim de que sejam aliviados os sintomas mais
proeminentes e incômodos do Estresse. Há pessoas, por exemplo,
cujo estado de Estresse já se encontra de tal modo instalado que
a identificação e a administração dos fatores desencadeantes (ou
perpetuadores) do Estresse já se torna uma tarefa bastante
árdua. Para outros, a insônia persistente associada ao Estresse
pode chegar a ser insuportável, e o desempenho geral do
indivíduo pode ficar bastante comprometido. Já é o momento de
buscar ajuda.
Em outro momento, quando as manifestações físicas e/ou psíquicas
do Estresse já se mostram sob controle, então é a hora de se
buscar o melhor modo de se administrar os fatores causais do
Estresse, embora isto também possa ser feito de um modo
combinado. A abordagem dos acontecimentos estressantes pode ser
feita com ou sem ajuda profissional, o que dependerá de cada
caso, evidentemente.
Ainda que alguns medicamentos utilizados pela Psiquiatria sejam
indiscutivelmente eficazes no tratamento de vários casos de
Estresse, a combinação do tratamento medicamentoso associado a
uma psicoterapia de curta duração parece surtir melhores
resultados. A despeito destas considerações, muitos pacientes
preferem a medicação em detrimento da psicoterapia. E é
frequente esta solcitação feita a nós, psiquiatras. Ressalte-se,
por fim, que a automedicação deve ser fortemente desencorajada.
Caberá ao psiquiatra indicar, ou não, o uso da medicação no
tratamento do Estresse. E caso esteja indicado o uso de
medicação, os critérios de escolha, bem como possíveis efeitos
indesejados dos remédios, convém sejam explicados,
pormenorizadamente, a cada um dos pacientes. E quando se fizer
necessário, também aos seus familiares.
Dr Eduardo Adnet
Médico Psiquiatra e Nutrólogo